moonlight caipira
Nas montanhas, tenho a sensação de que o gradiente quente das tardes em suas últimas cores é uma daquelas coisas que você escolheria ver se pudesse, antes que tudo escurecesse para sempre.
O som do mundo nesse momento curto que precede a noite é por ironia da natureza um silêncio carregado de equilíbrios.
Manso, o vento vem chegando com ar de respeito.
De cada ponto cardeal o canto de um pássaro parece estar no volume certo.
Um rebanho conversa com mugidos lá longe.
O bater de asas das aves se recolhendo quase deixa um astro no céu - liso.
As nuvens também parecem reconhecer seu momento de deixar o quadro.
Enquanto o contraste lá no horizonte vai diminuindo os sapos começam a cantar.
Um galo vai ecoar sozinho em algum lugar daqui a pouco.
As silhuetas ficarão mais bonitas do que já são quando a primeira estrela ou planeta forem vistos no céu e quando a lua cheia iluminar a terra vermelha.
Mas por enquanto, a música da natureza está, para mim, em seu melhor momento.
Quando ela sem dizer nada te faz prestar atenção em tudo.
Em reconhecer a sorte de ser espectador.

meu nome é Luria. sou discípula de manoel de barros e um beco sem saída com histórias guardadas no peito pra serem descarregadas, ora em palavras, ora em imagens.
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